Monday, April 30, 2012

O galo vencedor - B Fachada @ Casa das Artes, V.N. de Famalicão (28/04/2012)

Dois discos por ano foi o compromisso assumido por B Fachada em 2009. Até hoje, o músico lisboeta ainda não falhou nessa promessa pelo que, se tivermos em conta que o seu último lançamento (o segundo álbum homónimo) já data de Novembro de 2011, seria até de esperar que este espectáculo trouxesse consigo uma dose de temas novos. Assim foi e, de facto, uma boa parte do concerto consistiu em músicas novas, ficando a outra metade bem distribuída entre os dois álbuns homónimos, o disco infantil e o EP veraneante Há Festa na Moradia.


Prova da enorme popularidade de B Fachada, o Café Concerto da Casa das Artes de V. N. de Famalicão encheu-se para o receber calorosamente. As manifestações de afecto (umas mais exageradas do que outras) sucediam-se e B, mais sentado nas teclas do que com a guitarra pendurada ao ombro, ia agradecendo com sorrisos e comentários naquele seu tom humorístico e irónico.

Sem grande espanto, Estar à Espera ou Procurar foi o tema mais aplaudido, mas Não Pratico Habilidades e Tó-Zé - adequadamente dedicada a uma criança do público - não lhe ficaram muito atrás. Para além desses temas inevitáveis, tanto as novas roupagens de Mané-Mané e Kit de Prestidigitação, como as músicas inéditas pareceram convencer os presentes do talento de B Fachada (se é que alguém ali ainda precisava de 'convencimento'). Apesar de ao vivo os arranjos despidos não permitirem uma previsão certeira da versão final das músicas novas, anteviram-se algumas influências africanas - território ainda não explorado por B Fachada - e, claro está, mais letras provocadoras e carregadas de ironia. A fórmula para o sucesso, como em quase tudo a que B deita a mão, parece estar lá.

Depois de encerrar o concerto com Memórias de Paco Forcado, B Fachada viu-se obrigado a regressar ao palco por duas vezes pois o público famalicense mostrava-se insaciável. Primeiro para (surpreendentemente) tocar épico político/pornográfico Deus, Pátria e Família (que diga-se de passagem soa melhor num piano clássico do que num orgão eléctrico) e depois trazendo na algibeira mais dois temas inéditos.

Este foi outro excelente concerto de B Fachada que, serviu muito bem o seu propósito. Agradar aos fãs e espicaçar a curiosidade relativamente ao seu novo disco. Foi uma boa jogada, mas não posso evitar uma pequena sensação de frustração pelo auto-intitulado 'Frank Zappa português' (um sacrilégio que eu lhe perdoo) não se ter debruçado mais sobre a guitarra e sobre trabalhos mais antigos.

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